Matilde era a típica jovem desinteressada que desprezava a leitura. O seu vocabulário era tão reduzido como o de uma criança de seis anos, porém não fazia qualquer esforço para melhorar a sua capacidade de expressão.
Nos tempos livres, sentava-se em frente à televisão e assistia a todos os programas dispensáveis que conseguisse encontrar nos intermináveis zapings que fazia. Sempre que tinha oportunidade saía com os amigos, chegava a casa de manhã e descartava mais um dia de aulas. Faltava e quando não faltava era o pior pesadelo dos professores.
Certo dia foi a mais uma festa com os amigos, a um local, para ela, totalmente desconhecido, as paredes encontravam-se repletas de prateleiras e as prateleiras estavam apinhadas de livros. Fazia-se sentir um cheiro intenso e desagradável, na sua opinião, mas a música era fantástica e a diversão reinava. Fechou os olhos e, por momentos, esqueceu aquela decoração bizarra. Afinal era apenas mais uma festa, mais uma noite de diversão e irresponsabilidade.
As horas passaram e Matilde foi-se divertindo. Até que de repente o silêncio tomou conta do espaço. Tinha-se abstraído de tal forma que não se apercebeu de que todos tinham ido embora e que se encontrava agora sozinha no meio de um corredor desconhecido que não oferecia qualquer tipo de conforto.
Sentou-se num canto e esperou que o tempo passasse, que alguém viesse abrir a porta, que algo a salvasse daquela situação indesejada.
Mas as horas passaram e nada. Via os raios de sol atravessarem os vidros, mas as janelas tinham grades. Sentia-se presa num pesadelo.
Então levantou-se e pegou num livro. Era pesado, as folhas amareladas e um odor bafiento. Abriu-o. Folheou-o. Sentiu cócegas nos dedos. A curiosidade ia aumentando, os seus olhos abriam-se cada vez mais e não resistiu, leu. As palavras eram demasiado elaboradas, não conseguia decifrá-las. Procurou um dicionário, não se lembrava bem como encontrar as palavras, afinal nunca tinha prestado atenção, mas lá foi conseguindo.
Era um livro de fantasia. Conseguia imaginar as personagens, as paisagens, tudo ganhava forma na sua mente. Deu consigo a viajar por outras paragens e tudo graças a umas simples linhas. Tinha descoberto a peça que lhe faltava, o prazer da leitura.
Leu um, dois, três livros. Já não sentia o tempo a passar. E quando olhou pela janela, já a noite tinha caído, era uma noite estrelada.
Viu uma secretária desarrumada ao fundo do corredor, aproximou-se. Os papéis empilhavam-se, pareciam registos de livros. Ao lado, amontoavam-se folhas em branco e uma caneta. Não resistiu ao impulso, pegou nas folhas e escreveu. Tudo se tornou mágico, as palavras fluíam na sua mente e a frase seguinte tomava forma rapidamente.
Cansada, adormeceu.
Na manhã seguinte, sentiu um toque no braço. Era um dos funcionários da biblioteca, a quem relatou a sua fantástica experiência.
Já em casa, sentia-se diferente. Tomou um banho e dirigiu-se à escola. Manteve-se concentrada durante todo o dia e em todas as aulas foi elogiada pelos professores.
Era outra pessoa, sentia-se sábia, descobrira o seu caminho…
[O meu texto foi escolhido para representar a escola óh yeah 8D E desde já os meus parabéns ao pessoal das ilustrações :) deram uma cara às minhas palavras e ficou totalmente awesome. e diz que ao clicar na imagem ela aumenta ]
1 comentário:
não li os outros, mas concerteza foi bem escolhido...
(tb escreves histórias.. sniff!!) loool
keep on
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